sábado, 29 de maio de 2010

Mera esquina

A esquina guarda sempre mistérios
extraordinários
Vantagem de quem não se intimida
pelo desconhecido
Foi dobrando uma delas
dessas que Deus (ou a vida, se preferir)
coloca sempre à nossa frente
que descobri o meu mais novo amigo.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Eclesiastes 3

Calada, esforço-me para sufocar todo e qualquer intento da carne
Tão difícil não perguntar o que vem depois.
Espero. Sim, te espero.
Há sempre a passagem
e ela nunca é assim, num pulo.
Queria que fosse,
mas não é.
Necessário esse momento
a transição é sempre tempo de auto-análise,
sempre tão vital ao crescimento.
Afinal, havemos de caminhar, não?
Que seja pra frente, então.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Vontade de escrever me consome
até o último dos meus pensamentos
o que restou das minhas ideias.
Inerte, desespero

quinta-feira, 20 de maio de 2010

A outra face

Hoje, olhando pro espelho, decidi não precisar de mais ninguém.
Decidi que todas as coisas em minha vida dependem de mim.
E antes de mim dependem de Deus.
Decidi que não vou recorrer a mais ninguém.
Decidi que não vou culpar mais ninguém.
E isso não é deixar de viver intensamente;
é simplesmente viver... buscando menos frustações, decepções e angústias.
Porque uma vez que eu passe a depender apenas de mim,
tudo fica ao meu alcance e eu sei de novo exatamente o que está acontecendo.
E depender, antes e acima de mim, de Deus,
é ter a certeza de que tudo sempre vai se ajeitar.
Decidi assim encarar todas as coisas
sem conjecturas, expectativas ou juízos.
São todos sentimentos que estrangulam a alma.
Decidi. É o que cabia a mim.
Agora conto com a ajuda dEle
pra me lembrar sempre de tudo isso.

domingo, 16 de maio de 2010

Have I hit the bottom?

Todas as minhas forças reunidas no esforço de me sustentar de pé. A cabeça pende. os braços tremem sob a superfície. As pernas dormem. É difícil respirar. É difícil resistir ao choro. Já estou tão cansada. Mas eu preciso, eu preciso não cair, eu preciso aguentar. Dói. Mas eu preciso. Eu tenho que conseguir. Já não tenho mais forças. Movimento de resistência invadido. Os olhos se fecham. Exausta.

terça-feira, 11 de maio de 2010

Beira de túnel

e ele tinha olhos claros
- mar azul invadido
por negras nuvens -
tempestade o acompanha por anos
e o conduz
todos os dias
para mais perto do esquecimento
...que é a pior morte.

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Embaixo do pátio do colégio

Enquanto monumento
ele dorme
no silêncio da esquina
do lugar mais movimentado
da cidade grande
Cala toda a sua nobreza
encolhido
e dorme
para não ter que sorrir.

sábado, 1 de maio de 2010

Tarde de sábado

Hoje me deu uma vontade de escrever. Arrancar do mais fundo da alma, aquelas palavras velhas e empoeiradas que por falta de tempo, ou medo, ou descaso, foram guardadas e, de tão guardadas, esquecidas. Sabe que hoje dei uma geral por aqui: arrumei toda a papelada e montoeira de livros e dvds e cds nos móveis. Fazer isso às vezes é bom. Com o tempo a gente guarda cada coisa, pro caso de precisar um dia. E nunca precisa. Aí vira um estorvo, um fardo, porque a gente sempre tem dó de jogar fora, mesmo num servindo pra nada. Mas é preciso. Muito me lembrei de uma música da nossa rica mpb que minha mãe vive cantando pra mim: "Hoje eu vou mudar, vasculhar minhas gavetas, jogar fora sentimentos e ressentimentos tolos, fazer limpeza no armário, retirar traças e teias e angústias da minha mente...". A única coisa é que toda a faxina foi no quarto da minha mãe. Sempre é a casa de alguém. E quando acho alguma coisa que por mais insignificante que seja, fico com dó da pobre coisinha, que num teve culpa de ter sido guardada inutilmente por tanto tempo. Guardo pra mim.