terça-feira, 1 de setembro de 2009

"De repente do riso fez-se o pranto
Silencioso e branco como a bruma
E das bocas unidas fez-se a espuma
E das mãos espalmadas fez-se o espanto.
De repente da calma fez-se o vento
Que dos olhos desfez a última chama
E da paixão fez-se o pressentimento
E do momento imóvel fez-se o drama."

Foi assim. De repente. Num instante todos os pedaços de mim estavam espalhados pelo chão de minha sala. Fiquei ali, parada, vendo pouco a pouco o esvaziar-me de mim mesma. Reflexos. Pedaços de algo que não está mais em mim, mas que ainda sou eu.
Ele? Fechou a porta atrás de si, sem nem olhar pra trás. Menor interesse nesse espetáculo de desconstrução não tinha. Ar sai das entranhas num lufo, carregando tudo para fora. Ponteiro pára: e a sensação de esvair-se.
Riacho nasceu do mais profundo das minhas terras. Vontade de desfazer-me para criar-me de novo, de outra forma, qualquer forma que me fizesse não ligar. É tão difícil o conviver-me. É pior do que ficar frente ao espelho buscando quem é aquela. Talvez só alguém que precisa ir pro deserto.
E a sensação de suspensão causada pela imagem, que toda a vida que se construiu sonhada, implodindo. Malditos camicases!
De nada adianta ficar observando o fogo se espalhar por toda a mata. As cinzas. O escuro. A fumaça. É preciso limpar a área para reflorestar.

2 comentários:

  1. Anônimo5/9/09 19:43

    Acho que você ganhou uma leitora... rs... Sentimentos alheios, mas que são tão meus! Como pode?

    Loreta

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  2. A Literatura toma dimensões subjetivas, quase impressionistas, sempre que autorizada a entrar em nossas vidas através dos olhos. Além de coração de mulher,como o seu, temos em comum a necessidade de sentir intensamente...

    Q bom q gostou!^^
    Fico lisongeada.

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