sexta-feira, 18 de setembro de 2009

E então ela chorou.
Lágrimas assim caladas, mas que carregavam no seu âmago a semente do grito, do desespero, que por algum motivo permaneceram apenas lágrimas.
Queria parar mas aprendera a duras penas que o mundo não é feito de vontades realizadas. Procurou disfarçar, como se tentasse ser alheia a si mesma, como se tornasse só exterior e então seria enfim o que ele tanto quisera, uma casca, uma boneca. Todas as suas tentativas frustadas de não ligar, não sentir ciúme, não esperar retorno agora estavam mais presentes em sua face do que nunca. Não, não era por causa dele que estava chorando, aliás, não tem ninguém chorando... Dor. Será que nem a manifestação silenciosa desse segredo ela não se permitia? Quem a poderia ver ali, naquele banheiro com a porta fechada? Não, ele não merece isso que ele fez nela. Mas já fez. O que lhe resta fazer?

Um comentário:

  1. É, a responsabilidade do que fazemos no (não "ao") outro é a coisa maior da vida. Mas se fizemos, está feito. Sem ressentimentos e bola pra frente.

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